O presidente argentino, Alberto Fernández, atribuiu a inflação como o fator central da derrota eleitoral de seu partido e expressou dúvidas sobre os dados que indicam mais de 40% dos argentinos vivendo na pobreza. Em uma entrevista à agência Noticias Argentinas (NA) divulgada no último domingo (3), Fernández, um peronista de centro-esquerda que assumiu o cargo em 2019, refletiu sobre seus quatro anos de gestão, fornecendo explicações e críticas.
Fernández reconheceu que a inflação exacerbada, associada à escassez de dólares, desempenhou um papel significativo na derrota eleitoral de seu partido. A Argentina enfrenta uma inflação anual de 143%, alimentada pela escassez de dólares e pela falta de acesso aos mercados internacionais de crédito, levando a uma emissão monetária para cobrir o déficit das finanças públicas.
Quanto aos dados oficiais que indicam uma taxa de pobreza de 40,1%, Fernández expressou ceticismo, afirmando que, se esse fosse o caso, a Argentina estaria à beira do colapso. Ele questionou a precisão da medição da pobreza, destacando contradições entre os índices de pobreza e a criação contínua de empregos nos últimos 37 meses.
Embora evitando críticas diretas à vice-presidente Cristina Kirchner, com quem mantém uma relação tensa, Fernández discordou da “forma de fazer política” dela, caracterizando-a como personalista. Apesar das diferenças, ele ressaltou o respeito pela ex-presidente.
Fernández participará da cúpula de chefes de Estado do Mercosul, seu último evento internacional antes de deixar o cargo. Ele expressou seu compromisso com uma transição de governo democrática, destacando seu papel como “um homem da democracia” e espera ser lembrado dessa maneira pelos argentinos.
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