A Missão Evangélica Caiuá, organização ligada à Igreja Presbiteriana e responsável pelo atendimento à saúde indígena no Brasil, acusa o Ministério da Saúde de interferências políticas e irregularidades em um processo de seleção de ONGs para atuar na área. Após dez anos e mais de R$ 3,4 bilhões recebidos em convênios com o governo federal, a Missão Caiuá ficou fora da lista de entidades escolhidas pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) para operar a partir de 2025.
A decisão gerou controvérsias e foi parar na Justiça. Na ação, a ONG aponta o envolvimento de parlamentares do PT no processo, mencionando declarações dos deputados Zeca do PT e Vander Loubet (PT-MS) que, segundo a entidade, sugerem uma articulação para excluir a organização.
Em um vídeo anexado à petição, Zeca do PT declarou, durante um discurso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que ele e Vander Loubet haviam se reunido com a Sesai em Brasília e que “graças a Deus, o governo do Lula começa a trabalhar com a ideia de acabar com o convênio com a Missão Caiuá”. O pronunciamento ocorreu pouco antes da seleção das ONGs, levantando suspeitas de direcionamento político.
Os advogados da Missão Caiuá classificaram o processo de chamamento público como “eivado de irregularidades” e criticaram decisões que, segundo eles, prejudicaram intencionalmente a entidade. A organização alega ainda ser alvo de preconceito por sua ligação com a Igreja Presbiteriana e acusa o PT de considerá-la politicamente alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que, segundo a ONG, é uma associação equivocada.
Representantes da Missão, que preferiram não se identificar, acreditam que questões ideológicas e religiosas motivaram sua exclusão, negando qualquer ligação partidária. A ação judicial busca reverter o resultado do edital e garantir a continuidade do atendimento prestado pela entidade às comunidades indígenas.
As informações foram divulgadas pela revista Veja.