A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou nesta quinta-feira (8) a Operação Malus Doctor, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso especializado em fraudes processuais contra instituições financeiras em todo o Brasil. Foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e duas prisões em Porto Alegre, Glorinha e Xangri-lá. Além disso, houve bloqueio de bens e ativos financeiros até o valor de R$ 50 milhões.
Principais revelações da operação:
Mais de 145 mil ações judiciais ilegítimas teriam sido ajuizadas, sendo 112 mil no RS e 30 mil em SP.
O principal suspeito responde por cerca de 47% das ações contra bancos na Justiça gaúcha e figura como o quinto maior litigante no Estado.
Procurações falsas e uso indevido de dados de clientes eram usados para ingressar com ações revisionais de empréstimos consignados, sem o consentimento das vítimas.
Algumas vítimas não sabiam da existência de dezenas de ações em seu nome; outras eram pessoas falecidas, com assinaturas forjadas meses após o óbito.
Estratégia criminosa:
“Fatiamento de demandas”: o grupo ajuizava múltiplas ações sobre contratos similares, em diferentes comarcas e com advogados distintos, para dificultar a detecção da fraude.
Os clientes, muitas vezes idosos, eram convencidos de que estavam recebendo valores por decisões judiciais, quando na verdade se tratava de novos empréstimos contratados indevidamente.
Medidas judiciais:
Nove advogados tiveram o exercício da advocacia suspenso.
Houve quebra de sigilo bancário e fiscal de investigados.
Apreendidos três veículos de luxo e documentos que reforçam o esquema.
A investigação, que já identificou 14 envolvidos, segue em andamento e deve ter novas fases. Segundo a Polícia, trata-se de uma das maiores fraudes processuais do País, com repercussão nacional.