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sexta-feira, abril 26, 2024
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A epidemia silenciosa de solidão na Era Digital

Vivemos em um mundo hiperconectado, onde a informação e a comunicação fluem à velocidade da luz, e nunca houve tantas facilidades para conhecer pessoas, encontrá-las ou conversar com elas. Mas aí há um paradoxo intrigante: uma epidemia de solidão. Apesar das tecnologias digitais que conectam as pessoas, cada vez mais pessoas se sentem isoladas e sozinhas.

As redes sociais, outrora promessas de um mundo sem fronteiras, podem se tornar armadilhas de comparação e inadequação, e já está comprovado que aumentaram, de forma estratosférica, não apenas a sensação de solidão, mas casos de ansiedade, depressão e até mesmo suicídio. A enxurrada de informações, desinformações e imagens de vidas e pessoas aparentemente idílicas que recebemos nas telas, alimenta a sensação de que estamos sempre aquém do que deveríamos ser – e isolados.

Sem falar na busca incessante por “curtidas” e validações virtuais, o que nos afasta do contato genuíno e da troca autêntica com o outro, e faz aumentar o narcisismo, a insatisfação e nos rouba o tempo em que poderíamos estar, de fato, vivendo, ao lado daqueles que amamos, de quem gostamos, fora das telas.

É que as telas, por mais úteis e conectivas que sejam, não deixam de ser frias. Na Era Digital, os dispositivos eletrônicos, principalmente smartphones, se tornam nossa principal companhia, substituindo o calor humano e a empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, estabelecendo conexões mais profundas e humanas.

Mas a responsabilidade da epidemia de solidão e insatisfação não é apenas das tecnologias. Nossa cultura atual é individualista e competitiva na Pós-Modernidade. Valorizamos cada vez mais o sucesso profissional e a realização pessoal, muitas vezes em detrimento das relações interpessoais e de nossa própria felicidade na essência.

Combater a epidemia de solidão, a ansiedade, a depressão, o egoísmo, o narcisismo, a alienação, exige um esforço conjunto da sociedade e de cada um de nós como sujeitos livres e únicos. Assim, repensar nossa relação com as tecnologias, utilizando-as como ferramentas para conectar, não para competir, aproximar, não afastar, opinar, não agredir, são questões essenciais. Precisamos resgatar o valor das relações presenciais, do afeto e da escuta atenta, de ter tempo para um café, um chá no fim da tarde, uma conversa íntima com quem possamos confiar.

Sugeriria a criação de espaços para a comunidade, o diálogo e a construção de vínculos autênticos. É urgente promover, ou resgatar uma cultura de colaboração, empatia e cuidado com o próximo. A Ciência sabe que o toque de pele com pele entre pessoas de quem gostamos produz ocitocina, que é um hormônio que ajuda a equilibrar nossa saúde mental e combate a ansiedade e a depressão. A “pele” das telas não faz isso, é só vidro.

A epidemia silenciosa de solidão é uma realidade dura, mas não podemos ignorá-la. Afinal, a vida que realmente vivemos e que nos preenche é dentro de nós, e requer relacionamentos saudáveis, não apenas virtuais ou supérfluos.

É claro que a Internet não pode ser demonizada, de maneira alguma, nem seus recursos, mas há um horizonte muito maior fora dela. Que, talvez, estejamos esquecendo, sem perceber que estamos adoecendo mentalmente. A solidão pode roubar nossas vidas de todas as formas possíveis.

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