As taxas de juros do capital de giro disponibilizado para cooperativas agropecuárias pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) desde 17 de outubro têm levantado preocupações sobre a viabilidade das operações. De acordo com informações compartilhadas pelo diretor do banco, Alexandre Abreu, durante uma reunião com o Grupo de Trabalho do setor de proteína animal do Rio Grande do Sul, as taxas da linha de crédito para cooperativas variam entre 13% e 15% ao ano para aquelas que não exportam. Para as cooperativas atuantes no mercado internacional, as taxas variam de 8% a 8,5%, com a possibilidade de vincular a dívida à variação cambial.
Essas taxas mais elevadas têm gerado preocupações entre as cooperativas, com o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Darci Hartmann, afirmando que as taxas são proibitivas para cooperativas que não exportam. Ele também observou que as cooperativas que exportam precisam ter um grande volume de operações para travar o câmbio, tornando o acesso ao crédito desafiador.
Os recursos estão disponíveis no âmbito do BNDES Crédito Rural e têm uma demanda estimada de até R$ 1 bilhão na safra 2023/2024. As operações protocoladas até 31 de março de 2024 terão um prazo de pagamento de até cinco anos, com um ano de carência, especialmente para cooperativas localizadas em municípios em estado de calamidade ou emergência reconhecido pelo governo federal desde 1° de janeiro de 2021. A partir de abril de 2024, a linha terá um prazo de pagamento de até dois anos e carência de até seis meses.
As mesmas taxas de correção se aplicam ao capital de giro oferecido às indústrias do setor de proteína animal, com a ressalva de que apenas empresas com faturamento superior a R$ 300 milhões ao ano poderão acessar o crédito.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha da Assembleia Legislativa, deputado Elton Weber, expressou a expectativa de que as taxas de juros seriam inferiores a 10%, mas reconheceu que as taxas atuais são mais elevadas do que o esperado. No entanto, ele destacou a confirmação de uma terceira repactuação de investimentos contratados nas duas últimas safras no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) como um aspecto positivo, uma vez que isso significa que as taxas originais dos contratos serão mantidas.
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