A falta de harmonia entre os Três Poderes foi o destaque do editorial do jornal Estado de São Paulo nesta quinta-feira (18). O jornal argumenta que o equilíbrio fundamental da República, representado pelos freios e contrapesos, foi substituído por uma atmosfera de “pressão constante” e “aceleração”.
O editorial levanta a questão da avaliação das pautas, questionando se estas são deliberadas com base no interesse público ou no “ânimo vingativo” de cada Poder. Segundo o jornal, há um desperdício de tempo e energia em disputas internas e uma polarização política acentuada, especialmente em ano eleitoral.
O texto aponta erros de todos os lados, destacando o avanço do STF sobre pautas do Legislativo, a aprovação de propostas pelo Parlamento para confrontar o Supremo e o Executivo recorrendo ao Judiciário para reverter decisões que não consegue aprovar pelo voto.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, é mencionado como alguém que usa seu poder para avançar ou reter pautas, muitas vezes para pressionar o Executivo a ceder cargos e emendas. O presidencialismo de coalizão, segundo o jornal, tornou-se um presidencialismo de colisão, resultando na desfiguração e desidratação de políticas públicas.
O editorial também menciona o recente jantar entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do STF, sugerindo que os magistrados buscam apoio político em meio à crise de reputação. O jornal critica a ideia de que o presidente atue como “lobista” do Supremo e os ministros articulem uma “judicialização de coalizão” para conter a oposição.
O Estadão encerra instando os Poderes a praticarem a autocontenção, argumentando que o ativismo excessivo não contribui para o fortalecimento da democracia. O jornal adverte que, sem essa prática, o país está fadado a mais conflitos e colisões, e que o caminho para preservar a democracia é através da autocontenção.